sábado, 4 de julho de 2015

Princípio (e Finalidade).

No pensamento bíblico, a realidade em que vivemos teve um princípio e terá um fim. É um projeto, e como tal teve planejamento, tem objetivo, custo e trabalho.
Deus é eterno, e ao ler a Bíblia, tenho a impressão de que a eternidade não é o tempo infinito, mas uma realidade atemporal. O tempo como o conhecemos foi criado no quarto "dia", quando Deus fez o sol a lua e as estrelas.
Como Jesus mesmo nos ensinou, não se deve iniciar uma obra sem que se tenha condições de executá-la até o fim.
Qual o objetivo final da grande edificação divina? Uma comunhão eterna entre Deus e o ser humano, criado à sua imagem e semelhança, com liberdade para escolher entre fazer parte ou não desta intimidade.
Deus em sua onisciência, considerando o livre arbítrio humano, sabia que o homem o rejeitaria, se recusaria a ter esse relacionamento íntimo, por aceitar uma ideia distorcida de Seu caráter e que algo teria que ser feito para convencer o ser humano de Seu amor. Sabia que teria de se manifestar de forma palpável para conquistar o coração do homem. Teria que sofrer injustiças e sacrificar-se, ser morto de forma cruel para provar que o que mais deseja é ter um relacionamento verdadeiro, sem intrigas, desconfiança, dúvidas, suspeitas, sem segundas intenções, interesses mesquinhos e egoístas.
A obra do Criador custou sua vida, a vida de seu Filho. Um sacrifício voluntário. O Filho disse: Eis-me aqui. Pago o preço para que a obra seja concluída.
É a palavra do Filho que sustenta toda a criação. Sem ela, não existiríamos. Não faria sentido Deus criar algo que não se concluiria, que não desse certo, um fracasso, uma vergonha, ilusão: mentira.
Foi com a palavra que nossa realidade foi criada. É ela que a sustenta. Acredito que se Cristo não morresse, tudo desmoronaria, voltaria a ser “sem forma e vazia”, sem aparência e estética, sem conteúdo e significado.
Não por menos, o estado final, a conclusão da obra divina, é expressa das últimas linhas das escrituras sagradas como uma grande cidade, construída a partir de materiais nobres, trabalhados, purificados pelo fogo: pessoas que se dispuseram a fazer parte desta construção, ser um local agradável para a habitação do Espírito divino, passando por dificuldades e provações para serem lapidadas, moldadas. E a rocha que sustenta os fundamentos, a base deste edifício é Jesus, o Cristo, encoberto, pisado, suportando toda a obra.
O mundo gosta das pirâmides, das hierarquias, da evidência, do poder, das classes, do superior, do auge. Mas elas também representam a opressão, exploração, restrições e privilégios.
A obra de Deus é cúbica, tem medidas iguais, não há diferenças na altura, largura e comprimento (como era o Santíssimo lugar, o local mais íntimo do Tabernáculo e posteriormente do Templo). É toda ela valorosa, justa e equilibrada. Se há alguma diferença, ela é de baixo para cima, invertida da lógica do mundo. O próprio criador, que deveria estar acima de todas as coisas, mas está à serviço, sustentando e mantendo tudo, é a rocha, a pedra fundamental para que haja a Paz. Os fundamentos são seus discípulos, os apóstolos, como ele havia dito: Quem entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos servirá. Mas Ele também é o centro, o significado, a razão, a fonte de vida de sua existência.
“Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes, para proclamar que o Senhor é justo. Ele é a minha rocha; nele não há injustiça. ” Salmo 92:12-15